quarta-feira, 18 de abril de 2012

Viva a sabedoria...



Introdução ao Pensamento Filosófico, de Jaspers
Ganho essa independência exatamente quando e onde pareço completamente dependente, ou seja, quando reconheço que em minha liberdade, em meu amor, em minha razão fui dado a mim mesmo. Nenhuma dessas coisas está sob o meu poder, eu não as faço surgir.

Se atinjo o ponto que sou dado a mim mesmo, distancio-me de todas as coisas e, inclusive de mim. Como que de um plano de observação externo a mim- em verdade, inatingível- contemplo o que acontece e o que faço. É como se me fosse preciso atingir aquele plano para mergulhar na realidade histórica. De lá jorra a luz que faz crescer minha liberdade interior. Torno-me independente na medida em que vejo as coisas a essa luz.

Essa independência é uma quietude, sem violência e sem orgulho. Tanto menos soberba, quanto mais segura de si mesma. Evidencia-se permanecendo em obscuridade. Na independência, a liberdade não permanece vazia. Limitar-se a si mesmo não seria independência. A independência quer participar do mundo. Age. Ouve e responde aos apelos da sorte. Não foge às exigências do dia. Quando o destino parece deter as rédeas, ousa envolver-se em situações de risco, na esperança de vir a dominá-las.


O Grande Gatsby, S. Fitzgerald
Sinto-me inclinado a guardar para mim todos os meus juízos, hábito esse que fez com que muitas naturezas curiosas se abrissem comigo, mas que também me tornou vítima de muitos maçadores inveterados.

A mente anormal percebe-a rapidamente e sente-se atraída por essa qualidade, quando ela aparece numa pessoa normal, e, assim, aconteceu que, na universidade, eu fui injustamente acusado de ser um político, por saber guardar as mágoas secretas de indivíduos violentos, desconhecidos. Quase todas as confidências eram espontâneas, eu fingia, não raro, que estava dormindo, que me achava preocupado ou, então, revelava uma leviandade hostil, ao perceber, por certos sinais inconfundíveis, que uma revelação íntima palpitava no horizonte - pois que as revelações íntimas dos jovens ou, pelo menos, os termos em que eles as exprimem, têm, habitualmente, muito de plágio e, o que é pior, de plágios desfigurados por evidentes supressões. Reservar para nós os nossos juízos, é coisa que proporciona infinitas possibilidades.



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