Cachoeira usou polícia do
DF para fechar bingos em Brasília
Inquérito da PF aponta
pagamentos de até R$ 4 mil por "operações de fachada" articuladas por
Idalberto Matias de Araújo, o Dadá.
Segundo
a PF, Carlinhos Cachoeira pagou policiais civis e militares do DF para fechar
bingos concorrentes.
O grupo do empresário de
jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, utilizou a estrutura
da Polícia Civil e Militar do Distrito Federal (DF) para fechar bingos concorrentes
em Brasília. As informações estão no inquérito da Operação Monte Carlo,
desencadeada pela Polícia Federal (PF).
Há onze dias, o iG revelou
que o bicheiro usou a estrutura policial em Goiás para fechar cassinos que
funcionavam sem a sua autorização. Nesta terça-feira, a reportagem
do iG mostrou também que a jogatina em Brasília ocorre até mesmo no
estacionamento do Senado Federal, a poucos metros do Palácio do Planalto, e na
entrada de ministérios. O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias
(PR), classificou como “hipocrisia”
as ações da polícia para combater o jogo do bicho no Brasil.
Segundo o inquérito da
PF, o grupo de Cacheira pagava entre R$ 3 mil e R$ 4 mil para policiais civis e
militares que participassem destas “operações de fachada”, idealizadas por um
dos líderes do grupo de Cachoeira, o Idalberto Matias de Araújo, o Dadá.
Uma destas operações
ocorreu dia 03 de março do ano passado, conforme a PF. De acordo com o
inquérito, por intermédio de Dadá, foi realizada uma ação de fechamento de
bingos comandada pelo sargento da Polícia Militar, Jairo Martins de Sousa,
conhecido como Índio e pelo agente de Polícia Civil, José Angelo Ferreira Neto,
o Zé. Essa operação foi uma resposta às constantes cobranças feitas por
Cachoeira à Dadá sobre o funcionamento de bingos concorrentes em Brasília. “Ô
Chico você não tá olhando Brasília né porque eu fiquei sabendo que tem casa
aberta aí rapaz?”, reclamou o bicheiro em diálogo interceptado pela Justiça dia
14 de janeiro do ano passado, às 12h42.
A operação contra o
“Bingo do Paraíba”, então localizado na quadra 711, na Zona Norte de Brasília,
começou a ser articulada dois dias antes por Dadá e por Lenine Araújo de Souza,
o Lenine. “Derrubado já tá”, disse Dadá a Lenine após a “operação” da Polícia
Civil e Militar do DF conforme interceptação telefônica da Polícia Federal do
dia 03 de março, às 16h55. “Tá beleza então, tranquilo, depois você me dá mais
detalhe”, respondeu Lenine em seguida. A Polícia Federal suspeita que esse não
foi um caso isolado e que outras operações no DF também foram realizadas com a
anuência de Dadá e Cachoeira.
A Polícia Civil do
Distrito Federal informou por meio de nota oficial que a Corregedoria-Geral de
Polícia já instaurou procedimento administrativo para apurar as denúncias
contra o agente José Neto. Apesar disso, a direção-geral da Polícia Civil
evitou fazer comentários a respeito da conduta do policial civil, alegando que
“somente irá se manifestar após a conclusão da referida apuração”.
A Polícia Militar do Distrito Federal (PM/DF)
também foi procurada mas não se pronunciou até o fechamento desta matéria. O
sargento Jairo Sousa e o agente José Neto não foram localizados pela
reportagem.
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