Sono
Dormir mais aos finais de semana não compensa o sono perdido nos outros dias.
Segundo pesquisa americana, o hábito pode, por exemplo, diminuir a sensação de sonolência, mas não é capaz de reverter os possíveis danos à saúde causados pela privação do sono
Fragmentar uma noite de sono, com perturbações durante a fase profunda, pode prejudicar a consolidação das memórias do dia.
Cientistas provam: não adianta tentar recuperar o sono perdido no final de semana (Thinkstock)
Dormir mais aos finais de semana não é suficiente para reparar todos os danos causados à saúde pelas poucas horas de sono durante o restante da semana. Essa é a conclusão de um estudo publicado nesta quarta-feira no periódico American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism. Segundo os autores da pesquisa, o hábito pode até diminuir a sensação de sonolência e o stress, mas não é capaz de evitar problemas causados pela privação do sono, como dificuldade de concentração.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Effects of recovery sleep after one work week of mild sleep restriction on interleukin-6 and cortisol secretion and daytime sleepiness and performance
Onde foi divulgada: periódico American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism
Quem fez: Slobodanka Pejovic, Maria Basta, Alexandros N. Vgontzas, Ilia Kritikou, Michele L. Shaffer, Marina Tsaoussoglou, David Stiffler, Zacharias Stefanakis, Edward O. Bixler e George P. Chrousos
Instituição: Universidade de Penn State, EUA
Dados de amostragem: 30 adultos saudáveis
Resultado: Os pesquisadores descobriram que dormir horas a mais em alguns dias para tentar compensar a falta de horas de sono de outros não é capaz de reverter todos os efeitos da privação de sono no organismo.
No artigo, os autores explicam que há uma série de explicações para o fato de dormir pouco estar relacionado a danos à saúde e até a uma menor expectativa de vida. Segundo os pesquisadores, um sono insuficiente pode, por exemplo, elevar os níveis de moléculas no corpo que estão relacionadas a quadros de inflamação, além de aumentar a quantidade de cortisol, um hormônio secretado em situações de stress, e desregular as taxas de açúcar no sangue.
Testes — No novo estudo, cientistas da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, conduziram, durante 13 dias, uma série de testes com 30 adultos saudáveis. Nas primeiras quatro noites do experimento, os voluntários puderam dormir durante oito horas; nos outros seis dias, eles dormiram apenas seis horas por noite; e, nos últimos três dias do estudo, puderam dormir até dez horas por noite.
No decorrer do experimento, os participantes foram submetidos a uma série de exames que analisaram a atividade cerebral durante o sono, além de seus níveis de hormônios e outras substâncias no sangue sanguíneas. Os voluntários também realizaram um teste que avaliou a capacidade de concentração e de realizar tarefas de cada um. Nele, foram orientados a apertar um botão toda vez que um ponto aparecia em uma tela.
Não compensa — Os resultados dos testes revelaram que as dez horas de sono por noite foram suficientes para diminuir a sonolência e o stress dos voluntários, causados pelas poucas horas de sono dos dias anteriores. O desempenho dos participantes no teste de atenção, porém, foi o mesmo tanto após uma noite de sono mal dormida quanto após dez horas de sono.
Para os autores do estudo, a descoberta é relevante para se pensar melhor sobre profissões que não permitam desvios de atenção, como médicos, pilotos de avião e motoristas. Os pesquisadores acreditam que mais testes são necessários para definir quais são os efeitos em longo prazo do ciclo de restrição e recuperação de sono nos indivíduos.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/dormir-mais-aos-finais-de-semana-nao-compensa-o-sono-perdido-nos-outros-dias
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